domingo, 29 de dezembro de 2013

Candomblé de Ketu/Nagô       

Ketu é o nome de um antigo reino da África, na região agora ocupada pela República Popular do Benin e pela Nigéria. Seu rei tem o nome de alaketu, de onde vem o sobrenome da conhecida Iyalorixá Olga de Alaketo. Também indica o nome do povo dessa região, que veio como escravo para o Brasil. Em termos de identidade cultural, forma uma subdivisão da cultura iorubana. Em geral, membros de origem ketu são responsáveis por boa parte dos terreiros mais tradicionais da Bahia.       


É a maior e mais popular nação do Candomblé e a diferença das outras nações está no idioma utilizado, no caso o Yorubá, no toque dos seus atabaques, nas cores e símbolos dos Orixás, e nas cantigas; Os fundamentos são passados oralmente por sacerdotes de Orixás que são chamados de Babalorixá (masculino) e Yalorixá (feminino). Os rituais mais conhecidos são: Padê, Sacrifício, Oferenda, lavar contas, Ossé, Xirê, Olubajé, Águas de Oxalá, Ipeté de Oxum, fogueira de Airá, Axexê, etc.       

Uma outra grande diferença é em relação ao culto dos Eguns; existe um sacerdote preparado para este ritual especifico chamado Ojé ou Baba Ojé, que faz o uso de um ixãn para dominar os Eguns; conforme informações de um antigo sacerdote de Ketu, chamado Balbino de Xangô, quem lida com Orixás não lida com Eguns; Já no Rio Grande do Sul, é o próprio Sacerdote de orixá quem faz os rituais de Eguns.      


Os cargos principais na nação Ketu/Nagô são:

- Babalorixá ou Yalorixá: autoridades máximas no Candomblé 
- Iyakekerê: mãe pequena 
- Babakekerê: pai pequeno 
- Yalaxé: mulher que cuida dos objectos ritual. 
- Babalaxé: homem que cuida dos objetos ritual. 
- Ajibonã ou jíbonan: mãe/pai criadeira (o) supervisiona e ajuda na iniciação.
- Egbomi: pessoa que já cumpriu sete anos de obrigação. 
- Iyabassê: mulher responsável pela preparação das comidas de santo. 
- Iyawo: filha (o) de santo (que já incorpora Orixá). 
- Abian: novato. 
- Axogun: responsável pelo sacrifício de animais. 
- Alagbê: responsável pelos atabaques e pelos toques. 
- Ogan: tocadores de atabaques. 
- Ajoiê ou Ekedi: camareira de Orixá.     

   Os Orixás cultuados na nação Ketu são: Exu, Ogun, Oxossi, Logun Edé, Xangô, Obaluaiyê, Omolú, Oxumaré, Ossain, Oyá , Oxun, Yemanjá, Nanã, Ewa, Oba, Oxalá, Ibeji, Irôco, Orunmila.      

  Na nação Ketu, existente principalmente na Bahia, predominam os Orixás de origem Yorubá, e os terreiros mais conhecidos são: a Casa Branca do Engenho Velho, o Ilê Axé Opô Afonjá, o Gantois; o Candomblé de Alaketu e o Ilê Axé Opô Aganjú localizado em Lauro de Freitas; Asé Oxumarê.      

   O Candomblé de origem ketu já se espalhou por todos os grandes centros urbanos do Brasil e também para o exterior, e nota-se um movimento de recuperação de raízes africanas, que rejeita o sincretismo católico, procurando reaprender o yorubá como língua original e tenta reproduzir os rituais que estavam perdidos ao longo do tempo, há casos em que muitos sacerdotes procuram viajar até África para descobrir mais sobre a cultura dos Orixás.



sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

O Candomblé


No começo não havia separação entre o Orum, o Céu dos orixás, e o Aiê, a Terra dos humanos. Homens e divindades iam e vinham, coabitando e dividindo vidas e aventuras. Conta-se que, quando o Orum fazia limite com o Aiê, um ser humano tocou o Orum com as mãos sujas.   O céu imaculado do Orixá fora conspurcado.        
O branco imaculado de Obatalá se perdera.        
Oxalá foi reclamar a Olorum.        
Olorum, Senhor do Céu, Deus Supremo, irado com a sujeira, o desperdício e a displicência dos mortais, soprou enfurecido seu sopro divino e separou para sempre o Céu da Terra. Assim, o Orum separou-se do mundo dos homens e nenhum homem poderia ir ao Orum e retornar de lá com vida. E os orixás também não podiam vir à Terra com seus corpos.  Agora havia o mundo dos homens e o dos orixás, separados. Isoladas dos humanos habitantes do Aiê, as divindades entristeceram. Os orixás tinham saudades de suas peripécias entre os humanos e andavam tristes e amuados. Foram queixar-se com Olodumare, que acabou consentindo que os orixás pudessem vez por outra retornar à Terra. Para isso, entretanto, teriam que tomar o corpo material de seus devotos.      
Foi a condição imposta por Olodumare. Oxum, que antes gostava de vir à Terra brincar com as mulheres, dividindo com elas sua formosura e vaidade, ensinando-lhes feitiços de adorável sedução e irresistível encanto, recebeu de Olorum um novo encargo: preparar os mortais para receberem em seus corpos os orixás.     
Oxum fez oferendas a Exu para propiciar sua delicada missão. De seu sucesso dependia a alegria dos seus irmãos e amigos orixás. Veio ao Aiê e juntou as mulheres à sua volta, banhou seus corpos com ervas preciosas, cortou seus cabelos, raspou suas cabeças, pintou seus corpos. Pintou suas cabeças com pintinhas brancas, como as pintas das penas da conquém, como as penas da galinha-d’angola. Vestiu-as com belíssimos panos e fartos laços, enfeitou-as com jóias e coroas. O ori, a cabeça, ela adornou ainda com a pena ecodidé, pluma vermelha, rara e misteriosa do papagaio-da-costa. Nas mãos as fez levar abebés, espadas, cetros, e nos pulsos, dúzias de dourados indés. O colo cobriu com voltas e voltas de coloridas contas e múltiplas fieiras de búzios, cerâmicas e corais. Na cabeça pôs um cone feito de manteiga de ori, finas ervas e obi mascado, com todo condimento de que gostam os orixás. Esse oxo atrairia o orixá ao ori da iniciada e o orixá não tinha como se enganar em seu retorno ao Aiê.        Finalmente as pequenas esposas estavam feitas, estavam prontas, e estavam odara. As iaôs eram as noivas mais bonitas que a vaidade de Oxum conseguia imaginar. Estavam prontas para os deuses. Os orixás agora tinham seus cavalos, podiam retornar com segurança ao Aiê, podiam cavalgar o corpo das devotas. Os humanos faziam oferendas aos orixás, convidando-os à Terra, aos corpos das iaôs. Então os orixás vinham e tomavam seus cavalos. E, enquanto os homens tocavam seus tambores, vibrando os batás e agogôs, soando os xequerês e adjás, enquanto os homens cantavam e davam vivas e aplaudiam, convidando todos os humanos iniciados para a roda do xirê, os orixás dançavam e dançavam e dançavam.      Os orixás podiam de novo conviver com os mortais. Os orixás estavam felizes.    Na roda das feitas, no corpo das iaôs, eles dançavam e dançavam e dançavam.Estava inventado o candomblé. 

Fonte: Reginaldo Prandi, Mitologia dos orixás, págs. 524-528


quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

A História do Candomblé no Brasil

    



       A História do candomblé é dividida de acordo com a distribuição dos escravos no território brasileiro. Antes da abolição da escravatura o candomblé já existia mas não com esse nome. Eram as várias religiões tradicionais africanas trazidas pelos escravos da África praticada nas senzalas ou em lugares afastados no meio da mata. Eram chamados de batuque de negros, que tanto podia ser o batuque de roda como roda de capoeira.

Maranhão

No estado do Maranhão o terreiro mais antigo é a Casa das Minas, em São Luís. Pierre Verger escreveu: "A Casa das Minas teria sido fundada pela rainha Nan Agontime, viúva do Rei Agonglô (1789-1797), vendida como escrava por Adondozã (1797-1818), que governou o Daomé após o falecimento do pai e foi destronado pelo meio irmão, Ghezo, filho da rainha (1818-1858). Ghezo chegou a organizar uma embaixada às Américas para procurar a sua mãe, que não foi encontrada."

Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe

Em quase todo nordeste a nação Nagô-Egbá ou Xangô do Nordeste é a mais frequente, porém o Xambá é mais comum ser encontrado em Alagoas e Pernambuco.

Bahia

A primeira casa de candomblé Ketu do Brasil em Salvador que se tem notícia é o Candomblé da Barroquinha e a primeira casa de Candomblé Jeje foi fundada em Cachoeira e São Félix por Ludovina Pessoa, natural da cidade Mahi (marri), daomeana que foi escolhida pelos Voduns para fundar três templos na Bahia, entre eles a Roça do Ventura (Kwé Cejá Hundé). A primeira casa de Candomblé Bantu também foi em Salvador chamada de Raiz do Tumbensi ou Tumbensi é uma casa de Angola considerada como a mais antiga da Bahia, fundada por Roberto Barros Reis, (Tata Kimbanda Kinunga sua dijína) por volta de 1850, era um escravo angolano, após seu falecimento passou a ser comandada por Maria Genoveva do Bonfim mais conhecida como Maria Neném. Com as batidas policiais nos terreiros de candomblé e a perseguição e prisão dos adeptos e objetos de culto, algumas iyalorixás resolveram migrar para o Rio de Janeiro em busca de mais tranquilidade para cultuar os Orixás.

Rio de Janeiro

Associação dos Remanescentes do Quilombo Pedra do Sal fica no bairro da Saúde, a primeira casa de candomblé do Rio de Janeiro que se tem notícia foi fundada no bairro da Saúde, por Mãe Aninha, Bangboshê e Oba Saniá em 1886. Nos anos 50 e 60 as casas de maior afluência na periferia do Rio de Janeiro, eram o Terreiro Bate Folha, em Anchieta (nação Congo), o Ilê Axé Opô Afonjá-Rio em Coelho da Rocha (nação Ketu) e Joãozinho da Goméia - Duque de Caxias (nação Angola).

Rio Grande do Sul

No estado do Rio Grande do Sul tanto o Candomblé como o Batuque são fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações Jêje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô. Há ainda um "resquício" do candomblé de Moçambique no Rio Grande do Sul. Culto sob os cuidados de Antonio do Bará Xangui, provavelmente o ultimo baba dessa nação. Muito pouco sabe-se sobre a nação Moçambique, pois é um culto passado de pai para filho e muito restrito. No caso do Sr. Antonio do Bará Xangui, a única informação é que recebeu os fundamentos diretamente de seu pai adotivo Antão do Bará Fumalê. O Candomblé Angola também é encontrado no Rio Grande do Sul. Um dos principais representantes do Batuque foi o Príncipe Custódio de Xapanã, no Candomblé de Angola Mãe Arlete (Mametu SambaDiá Maza) de Kukueto (Iemanjá), conhecida por sua festa para Iemanjá que reúne milhares de pessoas em Guaíba.

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre

Vídeos abaixo se chama O Poder do Machado de Xangô é de um documentário do Globo Repórter dividido em 5 partes. Tenho a certeza que vocês irão adorar este lindo documentário.